Árvores de Natal produzidas por custodiados da Seap são doadas para crianças.

A tarde desta quinta-feira (17) foi mais colorida para as crianças em tratamento do Hospital Oncológico Infantil Lobo, que fica localizado no bairro de São Brás em Belém. Árvores de Natal, confeccionadas artesanalmente por internas do centro do Centro de Reeducação Feminino (CRF), de Ananindeua, foram doadas aos pequeninos. 

Uma cerimônia foi realizada em frente à instituição para a entrega dos presentes. Por causa da pandemia, o evento foi externo para evitar o contágio do novo coronavírus. De forma simbólica, o pequeno Luan de Souza, de 6 anos, recebeu um exemplar da árvore natalina. Para a dona Leila Souza, mãe do Luan, um alento diante de um tratamento para cura da leucemia: “é o segundo Natal que estamos nesta luta e um presentão como esse vai numa ótima hora”, disse a lavradora. 

Fábio Machado, diretor do hospital, explicou a importância de ações como essa e os cuidados diante da pandemia. “A gente conseguiu encontrar esse tipo de parceria, que consegue se comover com a situação das crianças do hospital e, agregar isso, é muito positivo. São pacientes que não podem sair, que estão internados e que neste momento querem sentir e vivenciar esse momento natalino. A gente precisa manter essa magia acesa, mesmo diante deste momento de pandemia. Não levar lá pra dentro esse peso que está aqui fora. Já é um peso enorme pra eles a doença, o câncer. O acesso ao hospital está sendo bastante controlado, por isso todo evento está ocorrendo aqui. Depois as crianças receberão os presentes devidamente desinfectados”.

Paulo Machado – diretor hospitalar

Como o trabalho de fabricação das árvores de pelúcia foi reconhecido até mesmo em outros Estados do Brasil. Inúmeras peças foram adquiridas por pessoas anônimas e também terão como destino a doação. 

Além do retorno financeiro e a ressocialização, o trabalho tem cunho social e beneficiará as famílias das internas, como a da Leilane Sales, que é presidente da Cooperativa Social de Trabalho Feminina Empreendedora (Coostafe). Ela aproveitou a iniciativa para colocar em prática técnicas que aprendeu quando era criança.

Leilane Sales – custodiada do Centro de Reeducação Feminino de Ananindeua e presidente da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora

“As árvores são cercadas de fitas, bem decoradas, afinal é um símbolo que fortalece o momento em que estamos. A direção da SEAP, juntamente com a direção da casa penal, nos possibilitou isso e, é claro, abraçamos a causa. Com a renda das vendas, também vamos poder presentear nossos filhos. Muitos brinquedos já estão chegando, já começamos a embalar para que, em breve, nossos filhos recebam como presente de Natal. Eu sei que é só uma árvore de pano, mas cada família que olhar pra ela, vai lembrar que estamos aqui esperando o momento de voltar pra casa”.

A expectativa é que cerca de 250 unidades sejam produzidas até a semana que vem. Para a diretora do Centro de Reeducação Feminino de Ananindeua, Érica Sousa, essa é uma oportunidade inédita no sistema penitenciário do Estado.

Érica Sousa – diretora do Centro de Reeducação Feminino de AnanindeuaFoto: Divulgação

“Foi um projeto criado por elas, com auxilio de alguns colaboradores. A gente percebe que a maior importância disso tudo é a integração dela com o público. É algo inédito, que leva para o cárcere algo positivo já que ela tem um bom comportamento, e através dessa atitude elas demonstram que estão com uma força de vontade grande de mudar para retornar em breve para o convívio social”, finalizou.

Por Evaldo Junior | Agência Pará