O governador do Pará, Helder Barbalho, defendeu, nesta sexta-feira (13), durante o I Fórum Esfera Internacional, em Paris, na França, o papel proativo da Petrobras, estatal brasileira que figura entre as maiores produtoras de petróleo e gás do mundo, no processo de transição econômica e ecológica do Brasil, a exemplo do que ocorre em outros países. Na ocasião, o chefe do Executivo Estadual destacou que o governo brasileiro tem firmado, com o governo da norueguês, cerca de R$ 3 bilhões em financiamento por meio do Fundo Amazônia, com recursos provenientes de atividades petrolíferas e que esse modelo de financiamento poderia ser aplicado pela estatal brasileira em iniciativas sustentáveis.
Convidado para debater a respeito de mudanças climáticas, considerando a COP 30, em 2025 em Belém, no evento, Helder Barbalho também reforçou a bioeconomia como a vocação econômica escolhida para o Estado e destacou a importância da realização de investimentos em ciência e tecnologia para a criação de empregos verdes.
“Cada estado da Amazônia tem uma vocação, e o petróleo não é a vocação do Pará. A vocação que o Estado escolhe para a sua transição econômica é a floresta viva, a bioeconomia, a partir de pesquisa, de ciência, de conhecimento, inovação, para que floresta viva possa valer mais do que floresta morta, o que lamentavelmente hoje não é uma realidade e isto acaba gerando um conflito econômico, ambiental e social. Nós precisamos pedir recursos para a Noruega tendo a Petrobras, com os dividendos que tem distribuídos, com a potência que representa para a nossa economia? Nós não podemos fazer disso a indução?”, perguntou o governador.
O evento discute novas oportunidades de negócios e alianças bilaterais entre Brasil, França e União Europeia até este sábado (14), abordando temas como a relação França-Brasil, reformas em discussão no país – tributária, administrativa e outras –, economia, transição energética, inovação, indústria, segurança para o capital estrangeiro e perspectivas de futuro.
“Eu compreendo e tenho provocado junto ao Governo Federal que a Petrobras deve ser proativa e ao invés de responder sobre a captura de petróleo a 540 km da foz do Amazonas, deve ver essa região como um grande case de utilização de uma empresa que atua no setor energético com diversas matrizes, mas que lidera o processo de transformação e transição ecológica e, acima de tudo, social e ambiental, ajudando o Brasil na construção seja da transição energética, o que já está fazendo, seja na transição ecológica e na transição econômica. É fundamental que tenhamos clareza de que é possível defender a exploração de combustíveis fósseis, desde que estejam sob o aspecto da sustentabilidade e das garantias legais da preservação da legislação ambiental”, disse o governador.
Protagonismo – Helder Barbalho destacou que o Brasil vive um momento de protagonismo na questão ambiental e reforçou que o que posiciona o país em um patamar de diferença é a floresta amazônica.
“Particularmente na transição ecológica, sabemos que, neste momento, o Brasil vive uma página muito especial de se colocar definitivamente como protagonista da agenda ambiental e compreender que essa agenda posiciona o Brasil no protagonismo da diplomacia. O que difere o Brasil de outras potências globais é a pujança da sua economia, o consumo extraordinário de mais de 200 milhões de brasileiros, um território produtivo e uma condição climática que coloca o Brasil como protagonista na questão da segurança alimentar, mas abstraindo e não querendo minorar esses atributos, compreendo que a floresta amazônica, efetivamente, é o que posiciona o Brasil em um patamar de diferença”, disse.
O governador do Pará defendeu o uso de mecanismos para transformação da floresta amazônica não apenas como um símbolo do equilíbrio climático, mas também como um indutor para a geração de empregos verdes e a conciliação para a preservação da floresta a partir da sua valoração. “Nós não conhecemos a nossa biodiversidade e plenamente aquilo que a floresta viva pode produzir a nós. Quando incrementamos conhecimento, incluímos uma nova vocação para a Amazônia: a bioeconomia, que inclusive deve ser lida como sociobioeconomia, porque precisa envolver gente”, explicou.
“Não adianta falar em floresta e esquecer que nós temos 29 milhões de brasileiros que vivem em uma das regiões com uma grande complexidade social, que é a região amazônica, e quando nós temos estudos como o plano estadual de bioeconomia, ele aponta números importantes de serem registrados”, disse.
Bioeconomia – Ao destacar a implementação do Plano de Estadual de Bioeconomia, primeiro criado do Brasil, o chefe do Poder Executivo no estado do Pará destacou os números atuais do setor e os potenciais de crescimento a partir de investimentos.
“Hoje, a bioeconomia já gera 387 mil empregos na Amazônia e 84 mil empregos diretos e isso eu estou falando de uma atividade absolutamente incipiente, porque o Brasil não a explorou. Nós temos uma projeção: se hoje o PIB é de 12 milhões de reais, nós estamos falando de uma projeção, alicerçada no Plano de Bioeconomia, de que até 2040, se nós investirmos em ciência, tecnologia e inovação, teremos condições de exportar produtos de bioeconomia chegando a 120 bilhões de dólares e aqui eu estou falando de madeira fruto de manejo, de cosméticos, de fármacos e de produtos oriundos da floresta que permitirão a criação de empregos verdes”, disse.
Restauro e COP 28 – Helder Barbalho também adiantou que, na Conferência das Partes (COP) 28, que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, este ano, o Estado irá lançar o primeiro plano de restauração florestal, com o objetivo de colaborar para o cumprimento das metas de redução das emissões de gases do efeito estufa pactuados pelo país.
“Precisamos também incentivar a economia de concessão de florestas para permanecer o estoque florestal. Nós lançaremos agora, na COP em Dubai, o primeiro plano de restauro do Brasil porque se o país não restaurar aquilo que está antropizado, não cumprirá as suas metas de contribuição para a redução das emissões, portanto, trata-se de um conjunto de esforços que precisa de financiamento, seja do Fundo Amazônia, seja do Fundo do Clima, seja de recursos dos governos estaduais seja a mobilização da iniciativa privada”, disse Helder Barbalho.
Sobre o evento
O I Fórum Esfera Internacional reúne, em dois dias, em uma série de painéis de discussão, empresários e autoridades como o presidente do Senado brasileiro, Rodrigo Pacheco; o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, além do ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy.
Além disso, também conta com a participação de autoridades francesas, como a ministra para Transição Energética da França, Agnès Pannier-Runacher, o ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, o ministro Gilmar Mendes (STF), Ricardo Lewandowski (ex-ministro do STF), o ministro Vinícius de Carvalho (Controladoria-Geral da União), o presidente Bruno Dantas e o ministro Walton Alencar (ambos do Tribunal de Contas da União) e Miriam Belchior (secretária-executiva da Casa Civil).
Instituições brasileiras, entre elas a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e francesas, como o Medef (Movimento das Empresas da França), também marcam presença no encontro.
Do empresariado, participam do evento nomes como Abílio Diniz, do Conselho da Península Participações e membro do Conselho de Administração do Grupo Carrefour, e Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour.
Informações: Agência Pará