Enquanto a cidade afunda em problemas, prefeito de Ananindeua cria superestrutura milionária de segurança pessoal para si mesmo.

O que deveria ser um gesto de compromisso com a cidade virou mais um escândalo de autobenefício em Ananindeua. O prefeito Daniel Santos acaba de aprovar a criação de um Gabinete de Segurança Institucional (GSI), uma espécie de “segurança VIP” para ele, seu vice e o presidente da Câmara. O custo? Mais de R$ 4,3 milhões por ano, pagos com dinheiro do povo — enquanto bairros vivem sem infraestrutura, saúde básica e segurança real.

Com 60 novos cargos (58 comissionados e 2 políticos), o GSI terá estrutura de chefia, subchefia, diretorias, agentes de inteligência e escoltas, tudo com salários altos e livre nomeação. Os cargos de diretoria, por exemplo, terão status de DAS-9, patamar reservado às mais altas remunerações do serviço público municipal. Uma farra de cargos que levanta suspeitas: seria esse um novo cabide de empregos para aliados políticos?

Prioridade zero para a população

A medida, aprovada sem qualquer estudo detalhado de impacto financeiro, fere o bom senso e escancara as prioridades do prefeito: proteger a si mesmo, enquanto a população segue abandonada. Escolas com falta de merenda, postos de saúde sem medicamentos e bairros tomados pela criminalidade. Mas Daniel prefere garantir proteção institucional para si e seus próximos — inclusive para o ex-prefeito, que terá direito a até três agentes de segurança pessoal por quatro anos após o fim do mandato.

Desvio de função e duplicidade de gastos

Outro ponto crítico: o novo GSI pode gerar sobreposição de funções com a Guarda Municipal, já existente. O projeto não explica se os dois órgãos vão atuar em conjunto ou de forma paralela, abrindo margem para conflitos administrativos, disputas internas e desperdício de dinheiro público com estruturas redundantes.

Gratificações generosas sob suspeita

A proposta ainda cria gratificações de até 100% sobre o salário base para servidores efetivos que assumirem cargos no GSI. Isso pode violar o princípio da isonomia e até mesmo contrariar a Lei de Responsabilidade Fiscal, caso não haja critérios técnicos bem definidos. Ou seja: mais um risco jurídico e financeiro criado para atender interesses de poucos.

Enquanto a cidade clama por investimentos em áreas essenciais, o prefeito escolheu blindar sua própria segurança com pompa, poder e muito dinheiro. E o povo? Continua desprotegido.