Ibama multa e embarga fazenda do prefeito de Ananindeua por destruição de floresta amazônica.

O prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), enfrenta uma grave acusação ambiental após o IBAMA multá-lo em R$ 1,4 milhão e embargar uma área de 279,5 hectares na fazenda Agropecuária JD1, em Tomé-Açu, no Pará. Segundo o órgão, a destruição da floresta amazônica ocorreu sem autorização ambiental, afetando um território equivalente a quase 300 campos de futebol.

A multa foi aplicada em junho deste ano e encaminhada à Procuradoria da República em novembro. Além do pagamento, a área destruída foi embargada para permitir a regeneração da floresta, um processo que pode levar décadas. Apesar das graves acusações, o prefeito declarou em nota que desconhecia o auto de infração e já acionou sua defesa jurídica para averiguar o caso.

Expansão patrimonial e ligações políticas

Daniel Santos, que foi reeleito prefeito de Ananindeua em 2024, apresentou uma impressionante expansão patrimonial nos últimos anos. Em 2019, seu patrimônio declarado era de R$ 351 mil. Hoje, ele e sua esposa, a deputada federal Alessandra Haber (MDB-PA), são proprietários de pelo menos quatro fazendas em Tomé-Açu, totalizando milhões em bens. A fazenda multada pelo IBAMA está registrada no CPF do prefeito, mas também consta no nome de sua esposa no Cadastro Ambiental do Pará.

O caso chama atenção não apenas pelo impacto ambiental, mas também pelo contexto político. Daniel Santos é filiado ao PSB, mesmo partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, e recentemente foi destaque em reuniões estratégicas com a cúpula nacional do partido. Contraditoriamente, ele apoiou um deputado bolsonarista nas últimas eleições municipais de Belém, reforçando uma postura política de conveniência.

Amazônia em risco e a hipocrisia da sustentabilidade.

O episódio ocorre em um momento delicado para a Amazônia, com Ananindeua desempenhando papel central nas discussões de desenvolvimento sustentável para a COP30, que será realizada em Belém, em 2025. É alarmante que o prefeito de uma cidade que enfrenta desafios de urbanização e preservação seja acusado de contribuir para a devastação ambiental.

Críticos destacam a contradição entre o discurso político e as ações do gestor, colocando em xeque sua credibilidade na liderança de pautas ambientais. A destruição de áreas florestais em nome de interesses privados expõe a fragilidade do sistema de fiscalização e a necessidade de maior rigor contra práticas predatórias.

O prefeito agora precisa apresentar sua defesa ao IBAMA, enquanto o processo tramita na Procuradoria da República, que avaliará possíveis responsabilidades civis e criminais. O caso também reacende o debate sobre a transparência patrimonial de políticos e a necessidade de investigar possíveis irregularidades no enriquecimento de gestores públicos.

Com a proximidade da COP30, os olhos do mundo estarão voltados para a região. O episódio envolvendo Daniel Santos é um alerta sobre a necessidade de ações mais firmes para proteger a Amazônia, mesmo que isso signifique cobrar responsabilidade de figuras públicas.