Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o grande vitorioso do primeiro turno da eleição presidencial, obtendo 57.256.053 (48,43%) votos, mais de seis milhões de votos à frente de Jair Bolsonaro (PL), que recebeu 51.070.977 (43,20%) votos. Em terceiro lugar, ficou Simone Tebet (MDB), com 4.915.268 votos (4,16%). Ciro Gomes (PDT) teve 3.599.191 votos (3,04%) e ficou em quarto lugar. O triunfo não foi suficiente para garantir a eleição de Lula em primeiro turno. Diante disso, os dois mais votados da eleição disputarão um segundo turno, no dia 30 de outubro.
Será a primeira vez desde a redemocratização que o segundo turno será disputado por dois concorrentes que já ocuparam o posto. Lula (2003-2010) e Bolsonaro (desde 2019) são pivôs da polarização política que se instaurou no país nos últimos anos, o que deve elevar a temperatura e os ataques nas próximas quatro semanas.
Depois de confirmada a vitória sobre Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou otimismo sobre o enfrentamento que terá com o atual presidente, cuja votação foi maior do que apontavam as pesquisas de opinião. No primeiro discurso a apoiadores em um hotel no Centro de São Paulo, Lula disse que o segundo turno “é apenas uma prorrogação”, e que “a luta continua, até a vitória final”. O petista tem 48,25% dos votos, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) marca 43,35%.
“Eu disse ontem que toda eleição que disputo tenho vontade de ganhar no primeiro turno. Mas nem sempre é possível. Há uma coisa na minha vida que me motiva, estimula e faz renascer a cada dia. É a crença de que nada acontece por acaso — afirmou Lula. — Sempre acreditei que íamos ganhar as eleições, e queria dizer a vocês que vamos ganhar essas eleições. Isso é apenas uma prorrogação”.
Lula vem apostando em explorar o legado social e econômico de seus dois mandatos e construiu um cenário favorável na reta final do primeiro turno, com a declaração de apoio de políticos e do empresariado — inclusive de ex-críticos à gestão petista. Já Bolsonaro tentou colher frutos do aumento do Auxílio Brasil e da redução no preço dos combustíveis e apostou suas fichas no uso político do Sete de Setembro, quando usou o ato cívico como manifestação à sua candidatura, e nos ataques ao principal rival.
Bem humorado, e bastante rouco, o petista disse que o momento agora é de voltar a fazer campanha e ir às ruas, sem tempo para descanso.
“Começo amanhã a fazer a campanha. Eu tinha pensado, se ganhasse no primeiro turno, tirar três dias de descanso, fazer uma pequena lua de mel. Mas vai ter que esperar para o dia 30 de outubro”, brincou. “Quem sabe para desgraça de alguns, eu tenho mais 30 dias pra fazer campanha. Adoro fazer campanha, fazer comício, subir em caminhão, discutir com a sociedade brasileira, e vai ser importante, será a primeira chance da gente fazer um debate tête-a-tête com o presidente da República e saber se ele vai parar de dizer mentiras. É uma segunda chance que o povo brasileiro me dá”, afirmou Lula.
Segundo o ex-presidente, para avaliar a situação atual, é necessário lembrar da situação de quatro anos atrás, quando estava preso e foi impedido de concorrer.
“Para avaliar bem o que está acontecendo hoje temos que lembrar o que estava acontecendo há quatro anos. Há quatro anos, eu era tido como se fosse um ser humano jogado fora da política. Aí eu disse que retornaríamos com mais força, com mais vontade, mais disposição, porque a única razão de a gente parar de lutar é o dia que o povo brasileiro tiver centenas de lideranças que façam com que ele conquiste o que precisa para melhorar de vida. E vocês sabem que nosso país está pior. E que precisamos recuperar o país, inclusive do ponto de vista de suas relações internacionais”, disse Lula.
É a sexta vez que Lula concorre à Presidência. Em 1989, na primeira eleição direta do país após a redemocratização, o ex-metalúrgico foi derrotado por Fernando Collor (PRN) no segundo turno por uma diferença de pouco mais de 4 milhões de votos (53% a 47%). Nos dois pleitos seguintes — primeiro com Aloizio Mercadante (hoje seu coordenador de plano de governo) e depois com Leonel Brizola (PDT) como vice —, foi superado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em primeiro turno. A primeira vitória veio em 2002, superando José Serra (PSDB), seguida de reeleição contra o então tucano Geraldo Alckmin, hoje vice na sua chapa.
TEBET SINALIZA APOIO
Simone, em discurso ao lado da vice, Mara Gabrilli, do PSDB, disse que sua decisão já está tomada e que vai se pronunciar em breve, até 48 horas. Pediu para que a cúpula dos partidos aliados acelerem a decisão e façam o mesmo.
“Acelere a decisão do Cidadania, peço ao MDB que faça o mesmo, e ao PSDB e Podemos. Só não esperem de mim, eu que tenho uma trajetória de vida e de luta pelo país, este país que tanto precisa de nós, não esperem de mim omissão. Tomem logo a decisão, porque a minha já está tomada. Eu tenho lado e vou me pronunciar no momento certo. Só espero que vocês entendam que este não é qualquer momento no Brasil, é importante que a gente durma e olhe o resultado da urna em cada estado. Em cada voto que o cidadão deu. É momento de decisão e ação. Eu vou estar sempre ao lado do povo brasileiro”, afirmou.
O apoio de Ciro e Tebet pode decidir a eleição no segundo turno, na hora de influenciar os eleitores no voto.P
Por Gerson Nogueira