Militares não aguentam mais Bolsonaro.

Nem os militares de alta patente aguentam mais “limpar a barra” do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Como, pela Constituição, o presidente da República é também o comandante em chefe das Forças Armadas, as atitudes de Bolsonaro deixam os militares, de todas as patentes, de cabelo em pé, em muitas saias justas para responder à sociedade que eles, os militares, não apoiam certas ações do presidente.

O último exemplo foi no domingo (dia 19 de abril), Dia do Exército, com a presença de Jair Bolsonaro na manifestação em frente ao Quartel General do Exército. A manifestação era contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), e o discurso de Bolsonaro provocou um “enorme desconforto” na cúpula militar, para dizer o mínimo. E um detalhe chamou a atenção de muitas pessoas: Bolsonaro não parava de tossir enquanto falava.

Depois das falas do presidente, os oficiais-generais repetiram o discurso – já feito em outros momentos do governo atual – que as Forças Armadas são instituições permanentes, que servem ao Estado Brasileiro e não ao governo. Chefes militares não podem se pronunciar, mas o jornal “O Estado de S.Paulo” ouviu sete oficiais-generais, sendo cinco do Exército, um da Aeronáutica e um da Marinha. Eles lembraram que o País tem uma “verdadeira guerra” a ser vencida e que não é possível gastar energia com alvos diferentes. Houve quem observasse que o presidente enfrenta “resistências”, inclusive do Congresso, mas todos avaliam que a presença dele na manifestação “provocou ainda mais a ira dos representantes do Executivo e do Judiciário”.

Na avaliação dos generais ouvidos, o protesto, que chegou a pedir intervenção militar, fechamento do STF e do Congresso, não poderia ter ocorrido em lugar pior. Para um general, que não pode se identificar, se a manifestação tivesse ocorrido na Esplanada, na Praça dos Três Poderes ou em qualquer outro lugar de Brasília, estaria mais dentro do “sentido de normalidade”, mas uma multidão pedindo um golpe militar “em frente ao QG, no Dia do Exército, tem uma simbologia dupla muito forte. Não foi bom porque as Forças Armadas estão cuidando apenas das suas missões constitucionais, sem interferir em questões políticas”. Mesmo com cuidados para evitar críticas diretas, os generais ressaltaram que o gesto de Bolsonaro foi uma “provocação”, “desnecessária” e “fora de hora” às Forças Armadas. Enquanto Bolsonaro sorria, os militares estavam “muito p*t*s”, segundo um general do Exército.