Na surdina, Zequinha Marinho tenta manobra para aprovar fim de leis de proteção das florestas brasileiras.

Em reunião não divulgada pelos seus canais oficiais de comunicação, o pré-candidato ao governo do Pará, Zequinha Marinho (PL), esteve com diversos parlamentares na última quarta-feira (11). A pauta da reunião foi o pedido para que se priorizasse a votação do PLS 168/2018, que é relatado por ele na Casa. O texto restringe, enfraquece ou, em alguns casos, até extingue parte importante dos instrumentos de avaliação, prevenção e controle de impactos socioambientais de obras e atividades econômicas no país.

Bolsonarista “raiz”, Zequinha está no senado prioritariamente para defender vários projetos desse tipo. Vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, braço institucional da bancada ruralista no Congresso, ele defende a revisão do licenciamento ambiental -apelidada por ambientalistas de “mãe de todas as boiadas”- com a justificativa de “modernizar a legislação”, para se “eliminar o excesso de burocracia que tanto atravanca o crescimento do setor agropecuário”, em suas próprias palavras divulgadas em site oficial.

Mas, dizem especialistas, a revisão do licenciamento ambiental proposta pela bancada ruralista, além de ameaçar gravemente o equilíbrio climático do planeta, que depende da sobrevivência de nossas florestas para a manutenção das condições essenciais à vida, reduz ainda mais a possibilidade de crescimento dos pequenos agricultores, responsáveis por 70% do total de alimentos que chegam aos pratos dos brasileiros.

Isso porque o Agronegócio, apesar de Zequinha Marinho e os ruralistas do Congresso andarem reclamando bastante da “burocracia” que estaria “impedindo o seu crescimento”, continua crescendo e tendo lucros exorbitantes, enquanto sufoca quem realmente coloca a comida no prato do brasileiro: os pequenos produtores cada vez mais ameaçados pelo avanço desenfreado da monocultura agrícola em terras brasileiras.

SENADOR SE REFERE A FISCAIS DO IBAMA COMO “BANDIDOS E MALANDROS”

Negacionista climático, a defesa de madeireiros e garimpeiros ilegais faz parte da plataforma eleitoral de Zequinha, que busca desbancar o atual governador, Helder Barbalho (MDB-PA), primeiro colocado nas pesquisas. Ele se tornou famoso pelos arroubos retóricos contra operações de órgãos ambientais, afirmando que as fiscalizações “estrangulam” o setor. Em janeiro de 2020, por exemplo, o senador publicou um vídeo em que classificava servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de “bandidos e malandros” após uma ação que identificou o corte ilegal de madeira em 1.000 hectares da Terra Indígena Ituna-Itatá, a mais desmatada do país.

Um ano antes, durante evento realizado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marinho comentou que a ação do Ibama no oeste do Pará era “pior do que o Estado Islâmico na Síria”. “A gente não queria continuar sendo tratado como inimigo deste país”, afirmou. “É fundamental pacificar a questão ambiental. Produtor precisa ter mais liberdade pra produzir”, disse ele, omitindo da plateia o fato de que o Oeste do Pará é uma das regiões que mais desmata, no mundo inteiro.

Informações de De Olho nos Ruralistas