“O orçamento quebrou e hoje a prefeitura está no buraco”, diz Cássio Andrade.

Advogado e empresário, Cássio Andrade, 39, foi eleito vereador de Belém em 2004 e ocupou o parlamento estadual por 3 mandatos, sendo eleito em 2006, reeleito em 2010 e 2014. Em 2018 foi eleito deputado federal. Atualmente presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o candidato no Estado integra a Executiva Nacional do partido. De acordo com a ordem de sorteio, o candidato é o nono a conceder entrevista a RBATV e ao DIÁRIO para falar de suas propostas para melhorar Belém.

Ele promete auditar as contas da prefeitura e também não aumentar as tarifas de ônibus na capital até que a frota seja renovada. Cássio também critica as propostas de bolsas para a população, pois segundo ele o município está quebrado e precisa de organização financeira para dar andamentos aos projetos. Por fim, ele também faz críticas ao atual prefeito Zenaldo Coutinho. Confira a entrevista.

Numa cidade com tantas carências como Belém, qual seria a primeira medida que o próximo prefeito a ser eleito deveria tomar assim que fosse empossado?

R: Administrativamente seria auditar todas as contas da prefeitura. Não se trata de desconfiança, mas de garantia na preservação do recurso público. A segunda medida mais importante seria a limpeza urbana, contratando emergencialmente uma empresa para fazer a dragagem de todos os 150 quilômetros dos 85 canais de Belém que a mais de 10 anos não são dragados e que estão assoreados hoje, cheios de terra e lama. A último prefeito que fez esse serviço foi o Duciomar Costa. Limpar canal é uma coisa. Dragar é outra completamente diferente. É por essa razão que toda vez que chove Belém afunda e ontem (quarta-feira) mais uma vez não foi diferente. Belém virou um lixão: é sujeira para tudo quanto é lado e a população não aguenta mais.

 Você critica a distribuição de bolsas como promessa de campanha. Qual a razão?

R: Belém está quebrada! Deve R$ 1 bilhão em empréstimos. O capital de investimento do município hoje é de apenas 1%. O orçamento quebrou e a prefeitura está no buraco… Belém tem hoje mais de meio milhão de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, que vive, com menos de um salário mínimo. Se o prefeito eleito der R$ 300,00 para cada uma das 170 mil pessoas inscritas nos projetos sociais do governo federal na cidade serão R$ 51 milhões por mês! Não há previsão orçamentária para isso. O que dá dignidade ao ser humano é estar empregado, ter um emprego. Por isso vamos criar o programa “Belém Emprego”, que vai incentivar startups e incentivar empresas que assumirem o compromisso de contratarem mão de obra local, incluindo aí os aprendizes. Me recuso a entrar nesse vale-tudo de mentiras para ganhar votos baseado em campanhas populistas e demagógicas.

Na sua propaganda você cita o esporte como uma das principais formas de tirar jovens e adolescentes da marginalidade. De que forma isso seria feito?

R: Temos que criar espaços públicos que deem educação e esporte para as crianças e adolescentes. Sou um adepto do esporte, sou faixa preta de jiu-jitsu e tenho um projeto social de mais de 20 anos em Belém que treina jovens em capoeira e jiu-jitsu e dá aulas de balé. Pretendemos construir centros olímpicos em Belém onde nossos jovens poderão ter aulas de esportes e de artes marciais. Queremos priorizar os esportes individuais e fomentar o patrocínio a esses atletas.

O sistema BRT se tornou uma grande caixa–preta nas 4 últimas gestões municipais. O projeto foi iniciado na gestão de Duciomar Costa e perpassou as duas gestões do atual prefeito sem ter sido concluído. Quais as suas propostas para o sistema público de transporte tendo em vista esse sistema que acaba afetando o trânsito em toda a cidade?

R: Falar em transporte urbano é falar sobre mobilidade humana. O BRT é um projeto ultrapassado e sequer deveria ter sido feito, mas como já foram gastos dezenas de milhões de reais nesse projeto teremos que concluir. Vamos ativar as linhas alimentadoras e fazer o sistema funcionar. Hoje o BRT não é atendido pelo sistema e queremos levá-lo até lá. Paralelamente a isso vamos dialogar com o governo do Estado que é o responsável pelo BRT Metropolitano para que possamos integrar os dois sistemas. Esse diálogo hoje não ocorre e quem mais sai prejudicada é a população. Vamos exigir das empresas ônibus mais limpos e novos e não os veículos sucateados que hoje transitam na cidade. Não haverá reajuste de tarifa se não houver renovação a frota. Hoje Belém tem mais de 1.500 paradas de ônibus e apenas um terço possui cobertura, das quais muitas deterioradas. A prefeitura entregou agora umas 20 coberturas feitas com zinco, que é inadequada para a nossa cidade em razão do calor. É um crime com o cidadão! Vamos buscar parcerias público-privadas onde as empresas de ônibus vão construir essas paradas com toda infraestrutura para o usuário e poderão explorar economicamente esses espaços. Existem empresas que queriam viabilizar essa iniciativa, fizeram proposta para a prefeitura que, por incompetência e inoperância, não avançou no projeto. Ainda nessa área queremos construir 4 viadutos na grande Belém e para isso vou pedir recursos para o governo federal e procurar o governador Helder para firmarmos parcerias. Só em Manaus temos mais de 40 viadutos. Belém vai completar 405 anos e só possui 3… É uma vergonha!

Como funcionaria a sua gestão integrada na área de segurança pública? Você promete criar a Secretaria Municipal de Segurança Pública integrando Guarda Municipal, Semob, Defesa Civil e do gabinete de gestão integrada…

R: Hoje quando alguém quer promover um evento tem que protocolar ofícios em várias secretarias municipais. Não há uma política integrada de segurança pública hoje na nossa cidade. Cada órgão age de maneira unilateral, sem coordenação e controle. Belém é uma das poucas capitais do país que não possui uma secretaria municipal de segurança. Queremos criar um comando central para reordenar, economizar e facilitar a vida do cidadão e dialogar com o sistema de segurança pública do Estado, atuando com inteligência e utilizando toda a tecnologia disponível.

O próximo prefeito terá uma batata quente nas mãos tendo em vista que a Justiça deu um prazo para que o aterro de Marituba seja encerrado até maio do ano que vem, quando o próximo prefeito terá apenas 5 meses de mandato. Hoje o lixo e a sujeira se acumulam por toda a cidade… Qual a sua proposta para a coleta e destinação de resíduos sólidos na capital?

R: É uma questão complexa e que exigirá muito esforço. Primeiro temos que chamar os prefeitos eleitos de Ananindeua e Marituba e fazer um consórcio para coleta de resíduos na região metropolitana. Não podemos trabalhar de maneira isolada nessa área. O segundo passo é acionar a Justiça e chamar a empresa responsável pelo aterro e negociar uma prorrogação do contrato, já que em cinco messes de uma nova gestão será impossível resolver esse problema. Paralelamente a isso temos que buscar alternativas para a destinação dos resíduos, como criar usinas de incineração, coleta seletiva com a criação de equipes ecológicas que vão visitar as residências orientando a população sobre como realizar a coleta de maneira adequada. Temos que dialogar muito para resolver esse grave problema.

Muito se falou na pré-campanha que você seria o candidato apoiado pelo atual prefeito Zenaldo Coutinho na disputa, mas isso acabou não ocorrendo. Esse era realmente o seu desejo?

R: Não sei se eu era o candidato preferido do prefeito. Sei que meu partido e as lideranças que me acompanham na minha trajetória estão há 2 anos formatando o projeto da nossa candidatura, aliado a um plano de modernidade e desenvolvimento para Belém. Já caminhei pelos 72 bairros de Belém, conversando e ouvindo os problemas da nossa população, numa campanha independente. Se o atual prefeito queria nos apoiar não sei porque ele não nos falou nada… Nossa campanha nunca dependeu do apoio ou da figura do atual prefeito, que aliás tem mais de 70% de rejeição, o maior da história da nossa cidade. O candidato de Zenaldo Coutinho chama-se Thiago Araújo.