Em março do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) cassou o mandato do governador Simão Jatene devido à compra de votos para a reeleição dele, em 2014, através da farta distribuição de cheques-moradia. Mas, como recorreu da decisão, permanece no cargo e poderá até concluir o mandato que obteve, segundo o TRE, de forma criminosa.
É possível que tenha sido a sensação de impunidade gerada pela demora judicial que animou o governador a tentar fraudar também as eleições deste ano, quando tenta eleger o seu candidato postiço, deputado Márcio Miranda, do DEM, que preside a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). E o programa escolhido neste ano para capitanear a tentativa de fraude é o Asfalto na Cidade, que experimenta uma turbinagem nunca vista e em ritmo alucinante.
Segundo dados do Siafem, o sistema de administração financeira de estados e municípios, Jatene já torrou mais de R$ 93 milhões no Asfalto na Cidade, apenas entre 1 de janeiro e 11 de julho deste ano. Mas 9 concorrências públicas abertas para esse programa, do final do ano passado para cá, estimam um gasto de quase R$ 225 milhões, que poderá se concretizar, ao menos parcialmente, bem em cima das eleições. Há, ainda, convênios em profusão com as prefeituras, para a execução direta do programa.
Ou seja: o Asfalto na Cidade terá, nestas eleições, o mesmíssimo papel do cheque-moradia, que levou à cassação do governador em 2014, só que com muitos mais cifrões. E é, também, um escândalo de grandes proporções, já que os valores de algumas dessas obras e a velocidade de liberação do dinheiro levantam suspeitas de superfaturamento, desvio de recursos, pagamentos em duplicidade e obras fantasmas.