Terroristas bolsonaristas, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que durante semanas acamparam em frente do Quartel General do Exército em Brasília invadiram e depredaram, neste domingo (8), as sedes dos Três Poderes da República: o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Centenas de pessoas que haviam chegado a Brasília de ônibus horas antes também participaram do ataque.
A ação criminosa, que constitui um inaceitável ataque à democracia brasileira e à vontade do povo, que se manifestou nas urnas pela mudança de governo, quase não contou com resistência, uma vez que a Polícia Militar do Distrito Federal não foi mobilizada de acordo com o que a grave situação exigia.
Por isso, o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) determinou intervenção federal na Segurança Pública do DF e garantiu que os criminosos, inclusive os financiadores, serão identificados e punidos. Segundo informou o ministro da Justiça, Flávio Dino, já chega a marca de 300 pessoas presas envolvidas no ataque terrorista em Brasília.
“Eles vão perceber que a democracia garante a liberdade, o direito de livre comunicação, o direito de expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a democracia”, disse o presidente Lula.
Pouco depois, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao STF medidas judiciais contra os atos criminosos. Em seguida, o Ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, se manifestou: “Os desprezíveis ataques terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos. O Judiciário não faltará ao Brasil”.
O efetivo policial não conseguiu conter os terroristas que invadiram os prédios dos três Poderes, muitos deles munidos com máscaras de gás e capacetes —indícios de que o ataque foi planejado. Os terroristas depredaram o interior do Congresso, do Planalto e do STF, em ações registradas e transmitidas pelas redes sociais. No entorno do Planalto, os bolsonaristas entraram em conflito com a polícia e subiram a rampa, uma semana após a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mesmo local.
Segundo os grupos de Telegram, por onde o grupo radical se organiza, a ordem é invadir o Supremo Tribunal Federal (STF), na esperança de que seja instaurada um estado de sítio.
O secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro. Antes, ele já havia sido secretário no governo Ibaneis, cargo ao qual voltou recentemente. Segundo o portal Metrópoles, Ibaneis determinou a exoneração da Torres neste domingo. O secretário se encontrava nos Estados Unidos, onde também está Bolsonaro.
Crime há tempos anunciado
Os atos terroristas deste domingo há muito vêm sendo planejados e estimulados pelo bolsonarismo. Desde o ano passado, Jair Bolsonaro e seus cúmplices seguem um roteiro muito parecido com o adotado pelo trumpismo nos Estados Unidos para atacar a democracia.
Como seu ídolo norte-americano, Bolsonaro atacou sistematicamente o processo eleitoral brasileiro,colocando dúvidas sobre a confiabilidade das urnas, com o claro intuito de, mais tarde, não reconhecer sua derrota.
Após perder nas urnas, Bolsonaro não reconheceu o resultado e, por meio do silêncio, acabou estimulando que golpistas bloqueassem estradas e acampassem em frente a quartéis do Exército em defesa de um golpe de Estado.
Essa mobilização levou a ações terroristas nas ruas de Brasília na noite de 12 de dezembro e um atentado a bomba chegou a ser evitado pela Polícia Civil do DF. O passo lógico seguinte seria o de promover em Brasília um episódio semelhante à invasão do Capitólio nos Estados Unidos. Esse passo foi dado neste domingo.