A liberação pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará (TCM-PA), na tarde desta quinta-feira (29) para que a Prefeitura de Belém prossiga com a compra de ônibus elétricos revela as falhas e a incapacidade da atual gestão municipal. A Secretaria Executiva de Mobilidade Urbana (SEMOB), ao se apressar em entregar algo para a população em meio a uma administração que deixou Belém três anos à míngua, demonstrou, mais uma vez, como a urgência política pode comprometer a qualidade e a transparência dos processos públicos.
O projeto de aquisição desses ônibus elétricos, que deveria ser um marco na modernização do transporte público da capital paraense, transformou-se em um símbolo da falta de planejamento e da desorganização. Suspensa cautelarmente pelo TCM-PA, a compra foi alvo de críticas e desconfianças, tanto pela ausência de um plano claro de gestão dos novos veículos quanto pela suspeita de sobrepreço. Em um processo que parecia mais preocupado em “mostrar serviço” do que em garantir eficiência e transparência, a Prefeitura tropeçou em suas próprias promessas. Dos 30 ônibus e 15 carregadores previstos no contrato, apenas 5 veículos chegaram a Belém.
Somente após a audiência realizada com o TCM, em 14 de agosto de 2024, a SEMOB apresentou o que deveria ter sido planejado desde o início: um projeto piloto e um planejamento detalhado para a operação dos veículos. Essa postura evidencia uma gestão que prefere remediar a ser proativa, corrigindo erros apenas depois que são apontados, em vez de evitá-los desde o princípio.
Além disso, a TEVX Motors Group, fabricante dos veículos, comprometeu-se a doar dez carregadores para os ônibus elétricos, sem custos para o município, como parte dos esforços para resolver as falhas apontadas. A doação, porém, não é um ato de generosidade, mas uma tentativa de minimizar os danos causados por um processo mal conduzido.
Essa situação é apenas mais um exemplo de como a administração municipal tem se mostrado ineficaz e desconectada das necessidades reais da população. Não se trata apenas de comprar ônibus elétricos ou implementar novas tecnologias; é necessário fazê-lo com planejamento, transparência e responsabilidade, assegurando que cada real gasto dos cofres públicos seja destinado de forma correta e eficiente.
Não há mais espaço para atropelos e remendos. O futuro de Belém depende de uma administração que saiba, antes de tudo, planejar, ouvir e agir com a seriedade que a população merece.
Por Heber Gueiros