Sem tirar os méritos do gol do meia Eduardo Ramos, que decretou, em bonita cobrança de falta, o empate, por 1 a 1, no Re-Pa do último domingo, o técnico Hélio dos Anjos achou que faltou “malandragem” aos jogadores do Paysandu que compuseram a barreira bicolor no lance. O treinador afirmou, na entrevista pós-jogo, que seus atletas deveriam ter feito o antijogo, do qual ele revelou ser adepto em situação como a que definiu o placar do clássico. “Barreira num chute como esse tem de fazer o antijogo”, declarou o comandante do Papão, explicando, depois, o que seria esse desrespeito às regras do jogo.
“Eu mando a minha barreira andar (se adiantar), mando a barreira ficar na ponta dos pés, mando desequilibrar o adversário. Faz parte”, argumentou o treinador, sem nenhum constrangimento. Dos Anjos chegou a dizer que, em caso como o da cobrança de falta próxima da área de seu time aceita e até recomenda o antijogo. “Eu faço o antijogo. É bom avisar o pessoal que não sou treinador que não faz o antijogo”, disse. O técnico foi além na defesa de sua atitude, rebatendo possíveis críticas pela posição adotada.
“O antijogo é ruim para quem é poeta, pra quem está lá em cima (arquibancada, cadeira e cabines) discutindo o jogo”, disparou o treinador. “Agora, pra gente (treinador) que vive de resultado, o antijogo faz parte”, justificou Dos Anjos, que, por outro lado, viu competência na cobrança executada, por Ramos, aos 34 minutos do primeiro tempo do Re-Pa, quando o Papão levava vantagem no placar. “O outro lado acertou um belíssimo chute”, resumiu o comandante bicolor.
Com ou sem antijogo, Dos Anjos chegou, no domingo, ao seu oitavo clássico sem derrota. Foram duas partidas defendendo o Clube do Remo, em 1995, quando se sagrou campeão paraense, e as outras seis pelo Papão nas temporadas de 2019 e deste ano. Agora o treinador contabiliza cinco vitórias – duas pelo Leão – e três empates. Questionado sobre a marca positiva, após o Re-Pa do domingo, Dos Anjos afirmou não se empolgar com os números positivos que tem.
“Eu não, nem Mazola e nem ninguém é maior do que a rivalidade entre Remo e Paysandu. Não me preocupo em estar sem perder para o Remo. O clássico é muito maior do que qualquer um de nós. Quem sou eu para querer ser o maior, o treinador da invencibilidade”, minimizou. “Agora, não gosto de perder clássico. Já fiquei um clássico 18 jogos sem perder”, disse o treinador se referindo a partidas contra o Vila Nova-GO, na época em que ele comandava o Goiás-GO, clube que ele dirigiu mais vezes na carreira.