Saída para a normalidade deve ser gradativa para impedir uma nova onda de contaminação
O Governo do Estado divulgou neste sábado (23) o decreto estadual 777/2020, relacionado às restrições de circulação de pessoas pós-lockdown, que termina hoje, dia 24. As determinações levam em consideração um relatório técnico realizado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e Universidade Federal do Pará (UFPA), com o apoio da Secretária de Estado de Saúde Pública (Sespa), da Secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet) e Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Pará (Prodepa). A análise mostra que o número de casos na capital paraense segue em tendência de queda.
“A região metropolitana de Belém apresenta uma tendência de redução na contaminação e óbitos por Covid-19, bem como na sua demanda por recursos hospitalares. Este fato permite afirmar que o dimensionamento destes recursos está condizente com a capacidade de suprimento do estado”, informa o relatório.
“A análise desse grupo é o que embasa a decisão a respeito do quadro epidemiológico que permite, de maneira muito gradativa, termos este momento posterior. A partir de segunda-feira, 25, teremos a responsabilidade de manter o isolamento social. Não é possível sair do lockdown para a normalidade, será algo que ocorrerá de semana a semana, para que não tenhamos uma nova onda de contaminação”, explica o governador Helder Barbalho. “Está comprovado tecnicamente que a curva epidemiológica vem caindo, com menor número de casos confirmados e de mortes. Temos que ter cautela, serenidade e pensar na saúde e na vida das pessoas, e agir de forma responsável”, reforça.
Contribuição científica – O reitor da Ufra, Prof. Marcel Botelho, explica que ainda em março a universidade divulgou uma previsão de pico de contágio para maio na região metropolitana de Belém, mas levando em consideração o número de casos acumulados. Quando a Sespa passou a separar as notificações referentes às últimas 24 horas das notificações referentes a dias anteriores, a pesquisa, que utiliza um modelo matemático e inteligência artificial, foi refeita e o resultado foi o ponto alta da curva entre 20 de abril e 1o de maio, na região metropolitana de Belém.
“O que vemos diariamente confirma a tendência, mas é logico que não dá simplesmente para voltar à normalidade, porque os hospitais, as [Unidades de Terapia Intensiva] UTIs continuam com muitas pessoas. O grande problema dessa virose é possuir um tempo muito longo de recuperação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fala entre 14 e 21 dias de ocupação de leito de terapia intensiva. Se nós iniciamos a queda da curva no início de maio, tem paciente tendo alta só agora”, justifica. “A saída do lockdown é possível, mas tem que ser lenta, gradual, e com muito cuidado para evitar que a curva volte a crescer”, orienta o reitor.
A partir de agora, o monitoramento passa a ser feito semanalmente, já que as oscilações são muitas e dependem fundamentalmente da adesão da população das medidas restritivas e preventivas. Até o fim da próxima semana, a Ufra deverá ter um estudo completo, tal e qual feito para a RMB, sobre o cenário da pandemia em todas as mesorregiões do Estado.
“Precisamos continuar nos protegendo, com máscara, lavando as mãos. O fim do lockdown não dispensa esses cuidados, muito pelo contrário. Não somos mais obrigados a ficar em casa, mas continua a campanha: se não tem nada indispensável para fazer, fique em casa, É nesse sentido que podemos sair [do lockdown], sempre monitorando para que não haja nova crescente de casos e sobrecarrega do sistema de saúde”, recomenda o professor Marcel Botelho.
O titular da Sectet, Carlos Maneschy, afirma que toda a avaliação feita pelo grupo se baseou também em experiências vividas por outros países que hoje vivem momentos de maior relaxamento das medidas de restrição social. “Estamos mostrando as tendências e projeções, e a partir daí o governo pode tomar decisões baseadas em contribuição científica”, afirma. “O lockdown, a abertura da Policlínica Metropolitana e do Hospital Regional Abelardo Santos para pacientes de Covid-19, e todas as demais ações combinadas muito certamente apontaram essa tendência de estabilidade, mostrando que o governo estava no caminho certo. E agora começamos a trabalhar a flexibilização”, analisa o secretário.
Informações Agência Pará