A semana começou tumultuada em Belém, quando um grupo de indígenas, insatisfeitos com a manutenção da Lei do SOME nº 7.806/2014, invadiu as dependências da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O ato, que teve como estopim a exigência da revogação de dispositivos do ensino modular indígena, rapidamente se transformou em palco para a interferência política de grupos ligados ao PSOL. O que deveria ser uma discussão centrada nos direitos indígenas, agora soa como parte de uma estratégia orquestrada para desestabilizar a gestão do governador Helder Barbalho.
No centro das atenções, novamente, aparece o derrotado de eleições Beto Andrade, coordenador-geral do Sintepp e militante da APS, Ação Popular Socialista, tendência mais aguerrida do PSOL e aliado do prefeito derrotado Edmilson Rodrigues. Sua presença durante a ocupação não foi mera coincidência. Andrade, que foi candidato a prefeito de Ananindeua em 2016 e vereador em 2024, derrotado em ambos os pleitos, carrega um histórico de denúncias envolvendo desvios de recursos do sindicato, que utiliza como instrumento político, possivelmente alimentado por ressentimentos do partido pela derrota acachapante de Edmilson Rodrigues na última eleição municipal, onde foi escorraçado da Prefeitura de Belém.
As denúncias que pairam sobre Andrade e outros membros do Sintepp são graves e foram objeto de uma representação protocolada no Ministério Público Estadual, em 2016. Elas vão desde desvios financeiros para campanhas eleitorais até práticas como o superfaturamento de imóveis e a má gestão de recursos sindicais. Essas irregularidades corroem a credibilidade do sindicato e revelam um modus operandi que mistura interesses sindicais com ambições partidárias, colocando em risco a representação dos trabalhadores.
O PSOL, através do Sintepp, parece estar tentando insuflar os ânimos na Seduc, numa tentativa de manobra política para atingir o governador Helder Barbalho. A tática, contudo, carece de sutileza. As ocupações, os discursos inflamados e o clima de tensão são utilizados como instrumentos de pressão, mas também como distração para desviar o foco das próprias crises internas do partido e do sindicato.
A derrota do PSOL em Belém deixou feridas profundas, e é evidente que os ataques ao governo estadual são parte de uma retaliação. Contudo, a população merece mais do que disputas políticas travestidas de mobilizações sociais. O Sintepp deveria ser um baluarte na luta por uma educação de qualidade, não um palco para jogos de poder.
A ocupação da Seduc é mais um capítulo de uma narrativa que mistura interesses indígenas e ambições políticas. Por trás dos portões derrubados, há uma agenda não declarada que precisa ser exposta. O governo Helder Barbalho, que vem colecionando aprovações positivas, não deve se curvar a pressões desonestas, mas seguir firme em sua missão de promover uma educação inclusiva e de qualidade. A população não deve se deixar enganar: o futuro do Estado não pode ser refém de ressentimentos políticos travestidos de luta social.