Na crise, nos problemas macros, quem tem o poder de gerenciamento, de coragem e trabalho, se sobressai, pois essas qualidade se impõe naturalmente. Estamos diante de uma crise global ainda sem mensuração. A pandemia do novo coronavírus (Covid-19), iniciado na China no fim do ano passado, e que logo se alastrou pelo mundo, colocando o planeta em alerta máximo.
Centrado no plano brasileiro sobre o tema, o nosso país até a finalização deste artigo, segundo o Ministério da Saúde, já haviam sido confirmados 11 óbitos no país ― além disso, há até o momento 621 casos confirmados. O Brasil está definitivamente na rota de proliferação do vírus, e pior: ainda estamos distantes do período de pico, que os especialistas afirmam que deverá acontecer daqui ha dois meses.
Desde quando os casos ainda estavam sob suspeita, sem confirmação de contagio, o presidente Jair Bolsonaro em diversas narrativas, desmereceu e relativizou o problema. Dizia que havia excesso de alarde e que a Covid-19 não apresentava perigo. Em um ato irresponsável, desconvocou e depois apoiou as manifestações do último dia 15. O mundo inteiro em quarentena social, e o Brasil tendo manifestações, portanto, grandes aglomerações de pessoas, e pior: com apoio do presidente da República, que se fez presente em um dos atos, mesmo estando em quarentena, com suspeita de ter o vírus.
Bolsonaro e sua comitiva estiveram nos Estados Unidos. Trouxeram de lá diversas pessoas infectadas, que hoje somam 22. Todos próximos do presidente atestaram positivo ao Covid-19, menos o mandatário da nação, que já realizou prova, contraprova e mais um terceiro teste, se recusando a exibi-los publicamente.
Deixando as irresponsabilidades do presidente de lado, haja vista, que são muitas, o objetivo deste artigo é, portanto, relacionar o impacto do coronavírus na gestão pública e como as autoridades se comportam em relação à pandemia. Como é sabido, o presidente Jair Bolsonaro mostra-se incapaz de liderar a nação frente ao desafio posto e que pode piorar. Sem a liderança do mandatário da nação, cabe, desta forma, aos governadores – cada um à sua maneira – buscar resoluções em seus estados.
Claramente quando não há ação articulada que venha de “cima para baixo”, ou seja, que seja gerada no Governo Federal aos entes federativos, os estados assumem o protagonismo, como está acontecendo. Justamente pela falta deste comando, governadores como João Dória (São Paulo), Wilson Witzel (Rio de Janeiro), Camilo Santana (Ceará), Flávio Dino (Maranhão) e Helder Barbalho (Pará), estão se sobressaindo e crescendo suas respectivas avaliações junto à sociedade de seus estados. Independente de direcionamento político-ideológico, os citados vem ganhando protagonismo na inércia produzida do governo Bolsonaro.
Não é segredo que João Dória, Wilson Witzel e Flávio Dino, se enquadram como pré-candidatos ao Palácio do Planalto, em 2022. Mas a questão não é está usando a pandemia do novo coronavírus como trampolim político (se isso ocorre, é de forma natural por conta da inércia da inoperância do Governo Federal), e sim os resultados práticos das medidas que esses governadores estão tomando.
Jair Bolsonaro vem perdendo parte de sua base social. Após desastrosas narrativas em relação à pandemia, além de ter apoiado e participado das manifestações, o presidente acompanha o crescimento da insatisfação ao seu governo, este via panelaços que vem ocorrendo em diversas capitais, em bairros nobres, redutos que Bolsonaro atingiu mais de 60% dos votos válidos na eleição de 2018. Jair percebeu o aumento na insatisfação da população. E agora, com atraso, busca correr atrás do prejuízo político. Porém os governadores estão mais à frente.
O coronavírus enfraquece politicamente o presidente e vai fortalecendo alguns mandatários estaduais, que deverão ser adversários de Bolsonaro, em 2022. A pandemia e sua complexidade, requer gerenciamento, decisões, organização, articulação e perspicácia. Essas qualidades parecem faltar ao presidente da República.
Está instaurado há meses uma crise de ordem institucional entre o Governo Federal e a maioria dos entes federativos. E ela girava em torno da carga tributária, questões ambientais e as atribuições constitucionais entre as partes. A pandemia parece ter aumentado a tensão e dado ainda mais protagonismo aos estados.
Momentos de crise, de problemas da ordem que estamos enfrentando, a história nos mostra quem são os bons e os ruins. Quem se fortalece e quem diminui. Ou seja, separa os homens dos meninos. A Covid-19 será um grande filtro na gestão pública brasileira. A ver.
Por Blog do Branco