O MDB lançou nesta quarta-feira a pré-candidatura à Presidência da República da senadora Simone Tebet. O evento, realizado em um hotel em Brasília, contou com as presenças dos presidentes do PSDB, Bruno Araújo, do União Brasil, Luciano Bivar, e representantes do Cidadania – três partidos que também buscam viabilizar candidatos a presidente pela ‘terceira via’, em oposição tanto ao presidente Jair Bolsonaro quanto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lulistas e bolsonaristas do próprio MDB, no entanto, não compareceram, casos dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), bem como seu filho e governador de Alagoas, Renan Filho, aliados de Lula, e dos líderes do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (TO).
Entre os governadores da sigla, compareceram Hélder Barbalho (Pará), Ibaneis (Distrito Federal). Entre os prefeitos, estiveram presentes Sebastião Melo (Porto Alegre) e Ricardo Nunes (São Paulo), entre outros.
“O MDB é um partido que tem capacidade de convergir naquilo que é essencial. Não queremos nesse momento de largada a unanimidade. Lá na frente, vamos querer a unidade, e vamos ter”, disse pragmaticamente Tebet, quando questionada sobre as ausências de nomes de peso de seu próprio partido.
Em seu discurso, a senadora pregou a necessidade de um próximo governo com responsabilidade fiscal, mas principalmente com sensibilidade social, o que a levou a dizer que, para além do anúncio futuro de um nome para comandar a área econômica, quer antes divulgar apoios de especialistas em temas como o combate à miséria.
“O povo brasileiro está morrendo de fome, depois de morrerem por uma política omissa e negacionista na pandemia. Temos uma política ambiental desastrosa, leniente com o crime e que queima a credibilidade do nosso agronegócio. O governo que aí está cria crises artificiais. Promove a discórdia. As minorias são vítimas do gabinete do ódio. O Brasil não pode mais estar à mercê de aventureiros. É preciso experiência de gestão”, afirmou.
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Tebet ressaltou que, para além de símbolos importantes, como o fato de ser a primeira mulher a entrar na corrida pré-eleitoral, cresceu lidando com o pragmatismo da política – seu pai, Ramez Tebet, falecido em 2006, foi presidente do Senado. “Eu aprendi a arte da política dentro da minha casa. O MDB não pode se fechar ao chamamento da história. Nenhum partido tem mais capilaridade no Brasil. Nenhum partido tem mais capacidade de crescer que o MDB. Juntos somos a nova esperança do Brasil. Juntos, sinto-me preparada para ser a nova presidente do Brasil”, disse, descartando conversar neste momento sobre uma eventual desistência para compor chapa como vice de algum dos outros pré-candidatos.
Na parte mais emocional de sua fala, a senadora chorou ao lembrar que “no Brasil hoje, cinco milhões de crianças vão dormir com fome”.
Presidente do MDB, Baleia Rossi ressaltou a necessidade de uma candidatura que se diferencie dos “extremos”. “Em 2020, o Brasil abraçou o ponto de equilíbrio. O MDB fez o maior número de prefeitos e deputados estaduais do Brasil. Precisamos de equilíbrio. Na economia, na política e na vida. Nós não queremos mais salvadores da pátria, heróis fabricados. Essa briga ideológica deixou problemas sérios para a nossa população. A vida está pior que antes. Por isso estamos apresentando uma pessoa que tem responsabilidade fiscal, mas com sensibilidade social”.
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Líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM) foi exceção entre os caciques da sigla, estando presente e discursando no evento. “Brasil precisa vencer essa intransigência, essa radicalização de ambos os lados”. Ao elogiar a pré-candidata, disse que Tebet é “alguém que é firme sem perder a ternura, alguém que sabe o que quer”.
Outro senador a discursar foi Marcelo Castro (PI) que, em um momento de sinceridade exacerbada, afirmou: “Quase sempre, com pequenos vacilos, o MDB esteve do lado certo da história”.
O ex-presidente Michel Temer enviou um vídeo, exibido durante o encontro. “Quero desejar a ela [Simone Tebet] todo sucesso e uma campanha muito decente. Nós do MDB trabalhamos pela redemocratização, pelas questões sociais, pela estabilização da moeda”, disse, antes de emendar um elogio a si mesmo, dizendo que seu governo, entre 2016 e 2018 “foi fundamental” para o avanço do país ao propor medidas como a reforma trabalhista. “Pregue a harmonia do nosso Brasil, tenho absoluta certeza que os brasileiros não querem que dividam o país. O que se quer é paz, é tranquilidade”, disse Temer.
Ao finalizar o discurso, Simone Tebet voltou a pontuar a necessidade de uma alternativa aos candidatos que estão à frente nas pesquisas. “Não tenho medo de desafios e confrontos. Os brasileiros devem ser protagonistas de seu próprio destino. Chega de líderes que nos dividem entre nós e eles”.
Por Vandson Lima, Valor — Brasília.