Moradores de Ananindeua terão que pagar IPTU sem desconto e com aumento que ultrapassa os 100%.

O prazo para pagamento do IPTU em Ananindeua com descontos que podiam chegar até 20%, que estava em vigor desde o dia 1º de janeiro, chega ao fim nesta sexta-feira (10). Se os moradores que quitaram o imposto com desconto reclamaram do valor mesmo assim, para os demais, que terão que pagar a partir de hoje o valor integral, o clima é de indignação.

Este ano, o valor do imposto teve um acréscimo considerado desproporcional pela população, que foi apanhada de surpresa com o anúncio do aumento, que em muitos casos chega a mais de 200%, e ultrapassando os 100% na maioria dos imóveis.

“É um absurdo o aumento abusivo do IPTU este ano, nós moramos numa casa simples, da antiga Cohab, esse ano mais que triplicou o valor, pegamos um susto e não podemos pagar, aliás, nem se tivesse o valor iria pagar, é um abuso”, declara Alexandre Mota, morador da Cidade Nova.

“Não podemos aceitar isso sem questionar a prefeitura. O desconto oferecido pra nós foi de 5%, não ameniza o peso financeiro que estamos enfrentando”, diz Mota.

Da mesma forma, Keila Gonçalves, residente do bairro Júlia Seffer, lamenta: “O desconto oferecido parece uma piada de mau gosto diante do aumento, eu fui pagar no início do ano e me ofereceram 5%, pensei que era 20%, mas eles dizem até 20% e aí tem uma pegadinha, pois pouquíssimas pessoas ganharam esses 20%”, diz.

Questionada pela população, a prefeitura de Ananindeua chegou a emitir um comunicado justificando o reajuste, indicando que o principal motivo seria o aumento no valor venal dos imóveis em Ananindeua e da taxa sobre resíduos sólidos.

O valor venal é uma estimativa de preço que a própria prefeitura faz das propriedades que compõem o município, ou seja, para alguns especialistas, pode ter ocorrido uma estratégia de superestimação dos valores reais dos imóveis da cidade, que é quando se atribui valor ou qualidade superior aos reais.

Diante dessa realidade, a população de Ananindeua se vê diante de um dilema: pagar um IPTU inflacionado, que mesmo parcelado pesa no bolso, ou priorizar outros compromissos mais urgentes, principalmente levando em conta o cenário em que a renda já está pressionada pelas dificuldades econômicas. Assim como Alexandre, muito moradores decidiram pelo não pagamento diante do que consideram mais um absurdo municipal.