Partidos do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e da secretária de estado, Ursula Vidal, PSOL e Rede se unem para disputar o senado, eleger parlamentares e superar a cláusula de barreira
A federação partidária de PSOL e Rede Sustentabilidade é hoje uma possibilidade real. Em dezembro, a Rede havia decidido por unanimidade iniciar “oficialmente” o entendimento com o PSOL nesse sentido. As conversas das direções das legendas para formação da federação já consumiram três reuniões e devem chegar a bom termo, segundo afirmaram fontes do Psol e da Rede à reportagem.
O comitê de ligação das legendas é formado por Heloísa Helena, Wesley Diógenes e Paulo Miranda, pela Rede, e Juliano Medeiros, Fernanda Melchionna e Bernadete Menezes pelo PSOL. O acúmulo dos primeiros debates já produziram uma proposta de estatutos, de composição diretiva e até mesmo um esboço de formulação programática. “Há pontos de acordo muito importantes, como o enfrentamento imediato e simultâneo da crise social e da crise ambiental, que são partes de um mesmo problema: a falência do modelo de acumulação privada e do progresso destrutivo do capitalismo”, afirma Bernadete Menezes, do PSOL.
Cláusula de Barreira
Como ocorre com os partidos individualmente, uma federação precisa eleger pelo menos 11 deputados federais em 2022 para cumprir a cláusula de barreira. Ou conseguir, no mínimo, 2% dos votos válidos na eleição para a Câmara, com 1% dos votos válidos em ao menos nove estados.
Na eleição de 2018, o Psol conseguiu 2,85%. Mas a Rede, hoje, tem apenas uma deputada federal, Joenia Wapichana (RR), e um senador, Randolfe Rodrigues. A federação, portanto, pode significar a sobrevivência da Rede.
No Pará, a estratégia da Rede é lançar candidaturas coletivas. “Serão uma da área empresarial, outra da causa animal, um forte representante da cultura, uma forte liderança indígena, uma ligada à causa ambiental e outro representando profissionais de saúde”, disse Elson Lourinho, secretário de organização da Rede local. O partido pretende contemplar em sua escolha as mesorregioes do Pará: Baixo Amazonas; Marajó; Metropolitana de Belém; Nordeste Paraense; Sudeste Paraense; Sudoeste Paraense.
Programa
No texto de dezembro, o partido de Randolfe Rodrigues e Ursula Vidal afirmou considerar cinco diretrizes programáticas que devem nortear o debate em que coloca a possibilidade da federação: a oposição radical e sistemática ao governo de Jair Bolsonaro; mudança do modelo de desenvolvimento visando a construção de um projeto de desenvolvimento includente e sustentável; urgência de responder institucionalmente à crise climática, e com um agenda política; luta incondicional pela plena restauração democrática; e a defesa intransigente aos direitos dos povos indígenas como previsto na Constituição de 1988. Nenhuma dessas diretrizes é contrária às teses do Psol. “Temos mais semelhanças do que diferenças. E estamos num momento em que temos que buscar os pontos de unidade e derrotar o inimigo comum”, afirmou Eliana Bogéa, porta-voz da Rede-Pa.
Senado
Em que pese a necessidade de eleger deputados federais, votada pelo congresso da agremiação, a direção estadual da Rede Sustentabilidade no Pará vê na disputa do senado uma janela de oportunidade que não pode ser perdida.
Úrsula Vidal, principal figura pública da legenda, saiu da última eleição para o senado garantindo o segundo lugar na capital e acumulando mais de meio milhão de votos em todo o estado. “Ursula tem perfil majoritário. Teve votos em todos os municípios do estado em 2018, praticamente sem tempo de TV e com quase nenhum recurso financeiro. Hoje tem apoiadores e pode mostrar um portfólio de obras e realizações invejáveis à frente da SECULT. Além disso, Ursula tem o respeito e o apoio do governador Hélder e do prefeito Edmilson, cujo partido estará federalizado conosco”, enfatiza Eliana Bogéa, porta-voz da Rede no Pará. “Temos respeito pelos demais postulantes, mas inegavelmente Ursula entra na disputa do senado pra valer”, finaliza a porta-voz.