Escândalo da agulha superfaturada: como “Dr. agulha” enriquecia às custas da saúde pública.

O prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, agora popularmente conhecido como “Dr. Agulha” , está no centro de um escândalo revoltante que expõe o descaso e a corrupção na administração pública. Investigado pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), ele é acusado de envolvimento em um esquema que superfaturava materiais hospitalares, desviando milhões dos cofres públicos enquanto a população sofre com a precariedade no atendimento de saúde.

O apelido irônico não surgiu por acaso: entre as irregularidades mais chocantes, destaca-se a compra de agulhas descartáveis a R$ 18,10 cada, um absurdo se comparado ao preço real de mercado, cerca de R$ 0,35. O esquema fraudulento se estendia a outros materiais médicos, com cobranças exorbitantes e consumo irreal. Em um único caso, o Hospital Santa Maria de Ananindeua (HSMA), onde o prefeito foi sócio até 2022, cobrou 68 equipos macrogotas para uma internação de apenas quatro dias. Para referência, o Conselho Regional de Enfermagem do Pará estima que, nesse período, seriam necessárias apenas quatro unidades.

O que mais revolta é que, enquanto os números escandalosos das fraudes são revelados, a população de Ananindeua segue enfrentando um sistema de saúde sucateado. Faltam médicos, insumos e leitos, mas sobram esquemas para desviar dinheiro público. Enquanto pacientes aguardam atendimento em corredores lotados, “Dr. Agulha” e seus aliados políticos teriam desviado cerca de R$ 261 milhões, segundo as investigações.

Mesmo diante dessas evidências gritantes, o prefeito de Ananindeua insiste em negar qualquer envolvimento, classificando as acusações como “descabidas” e atribuindo o caso a perseguição política. No entanto, a realidade fala mais alto que suas desculpas: documentos, valores inflacionados e um hospital que faturou milhões com procedimentos suspeitos.

Este não é apenas um caso de corrupção, mas de desumanidade. Quando um gestor público decide colocar o lucro acima da vida das pessoas, ele não só rouba dinheiro – ele rouba dignidade, esperança e, em muitos casos, até a chance de sobrevivência de quem mais precisa.

A pergunta que fica é: até quando a população de Ananindeua permitirá que sua saúde seja negociada como um “produto” para enriquecer políticos corruptos?

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