Depois de uma longa pescaria, o ex-governador Jatene resolveu aparecer. O período de sumiço coincidiu com a pandemia. Jatene poderia, como ex-governador e político – se colocar, ajudar o Pará neste momento tão difícil. Pelo menos para dizer ao seu pupilo Zenaldo que ele não poderia fechar as portas de entrada das upas e hospitais para a população.
Mas, como é de seu feitio, sempre foge de limpar um quintal. Aparece agora, depois da pandemia, para soltar aquela potoca de sempre. A “honestidade”, a “boa política”, as “pessoas de bem”.
Veja abaixo os assuntos que não foram esclarecidos na entrevista do ex-governador:
Caso Dinheirinho envolvendo sua filha Izabela Jatene
Em 2015 surgiu uma gravação com Izabela Jatene, filha de Jatene e naquela altura coordenadora da Fundação Pro Paz, pedindo ao subsecretário de receitas da Secretaria da Fazenda, Nilo Rendeiro de Noronha, uma lista com as 300 maiores empresas paraenses para buscar um “dinheirinho deles”.
O que o governador honesto fez? Nada além de botar uma pedra em cima do assunto, sem investigação, nem nada. Izabela Jatene continuou no mesmo cargo, recebendo do erário público.
Caso Cerpasa
Simão Jatene foi denunciado pelo MP pela prática dos crimes de corrupção passiva, contra a administração pública e contra a fé pública, falsidade ideológica e corrupção ativa cometidos no escândalo que ficou conhecido como ‘Caso Cerpasa’. Jatene era suspeito de ter recebido R$ 16 milhões da Cervejaria Paraense S.A (Cerpasa) para despesas de campanha entre os anos de 2002 e 2003, quando ele concorria ao governo. O montante teria sido repassado em troca da promessa da aprovação de um decreto do executivo para o perdão de dívidas da empresa, o que ocorreu. Ele foi eleito e o assunto engavetado.
Compra de Votos com Cheque Moradia
Em março de 2017, o homem que sonha com um mundo melhor foi cassado pelo TRE/PA por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014. A decisão do TRE acolheu as denúncias feitas pelo MPE, que ajuizou ação ainda em dezembro de 2014, após a reeleição de Jatene ao governo do estado. Para os magistrados do TRE, a chapa de Simão Jatene cometeu abuso de poder político e compra de votos na distribuição do ‘Cheque Moradia’ nos meses que antecederam a votação estadual, que triplicou de valor durante o período eleitoral. Como consequência, Jatene tornou-se inelegível até 2022. Outro escândalo arquivado.
Roubalheira no Asfalto
Em 2019, a Auditoria Geral do Estado (AGE) recomendou ao MP e à Polícia Civil a prisão preventiva do ex-governador Simão Jatene e de ex-secretários estaduais de obras por terem formado um esquema de desvio de dinheiro do programa ‘Asfalto na Cidade’ justo ele que não gosta de usar slogan. A prisão dos envolvidos seria para inibir a possível destruição de provas que pudessem ser levantadas na investigação preliminar aberta pela AGE. O pedido da Auditoria não foi executado, mas a investigação segue firme.
Desvio de Combustível dos Bombeiros
Um dos inúmeros esquemas de corrupção do governo Jatene envolveu seu filho Alberto. Ele foi acusado de desviar dinheiro do combustível dos bombeiros e polícia militar – talvez por isso faltasse polícia na rua. O posto de gasolina do filho de Jatene fornecia combustível para… o Governo Jatene. Coisa da política limpa. Pra completar, o prodígio foi preso pela Polícia Federal por uma fraude em Parauapebas.
Rejeição das contas pela ALEPA e inelegibilidade
Em 1 de setembro de 2020, Simão Jatene teve as contas do seu último ano de governo, 2018, rejeitadas pelos deputados da AAlepa. Sete irregularidades foram constatadas, entre elas endividamento do Estado, a falta de contingenciamento das despesas diante do quadro deficitário, o uso dos superávits financeiros acumulados em exercícios anteriores e o reajuste específico de servidores só em ano eleitoral – justo ele que não gosta de politicagem. Jatene está inelegível por oito anos.