A menos de um mês das eleições municipais, a administração de Edmilson Rodrigues (PSOL) surpreendeu Belém com a assinatura de um contrato de empréstimo de R$ 200 milhões junto ao Banco do Brasil. A movimentação ocorreu no apagar das luzes de seu mandato, em meio a uma campanha de reeleição, e levanta sérias questões sobre o impacto que essa decisão pode ter para a cidade no futuro próximo.
O contrato, publicado no Diário Oficial no dia 28 de agosto, estabelece que os recursos serão disponibilizados em parcela única até o final deste ano, apenas dias antes de Edmilson potencialmente deixar o cargo, caso não seja reeleito. Além disso, a primeira das 108 prestações mensais só será cobrada em setembro de 2025, coincidindo com os preparativos para a COP 30, evento de grande importância para a cidade. Essa dívida se estenderá por 12 anos, com pagamentos que se encerrarão apenas em 2034, colocando a responsabilidade sobre, no mínimo, três gestões futuras.
Essa decisão de última hora não apenas compromete o orçamento das próximas administrações, como também deixa uma pergunta crucial no ar: onde será aplicado esse dinheiro? O contrato não especifica os detalhes sobre os investimentos planejados, gerando uma sensação de insegurança sobre o destino de um montante tão significativo.
A escolha de contrair uma dívida dessa magnitude, às vésperas de uma eleição que o próprio Edmilson, segundo as pesquisas, parece não ter grandes chances de vencer, reforça a ideia de que sua administração está desmontando a barraca antes mesmo do desfecho do pleito. Fica evidente a tentativa de consolidar um legado às pressas, mas à custa de comprometer o equilíbrio financeiro da cidade a longo prazo.
Essa atitude pode ser vista por muitos como uma estratégia política arriscada, que transfere a responsabilidade de um empréstimo colossal para futuros gestores e, indiretamente, para a população de Belém. Afinal, em tempos de incerteza política e econômica, qualquer compromisso orçamentário deve ser ponderado com extremo cuidado, especialmente quando ele ultrapassa os limites de uma única gestão e afeta o destino de gerações futuras.
A cidade de Belém precisa de um gestor que pense no longo prazo, que estabeleça um planejamento sólido e transparente para suas ações, em vez de decisões apressadas e de última hora. Um empréstimo de R$ 200 milhões não pode ser tratado como uma mera formalidade administrativa, e a população merece clareza sobre como esses recursos serão aplicados.
Edmilson Rodrigues, ao assinar esse contrato às vésperas de deixar o cargo, não apenas compromete suas chances políticas, mas também coloca sobre seus ombros o peso de uma dívida que não será sua para pagar.
Por Heber Gueiros