Mesmo de atestado, ex-procurador Gilberto Martins é flagrado fazendo compras em um shopping de SP.

O ex-procurador do Ministério Público do Pará, Gilberto Martins, foi flagrado circulando em um dos shoppings mais caros do estado de São Paulo. O que chama a atenção, é que o ex-procurador apresentou um atestado médico para evitar ser notificado em um processo de quebra de sigilo judicial.

O ato pode ser considerado uma tentativa de procrastinar a citação feita pela Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que trabalha em dois dois Processos Administrativos Disciplinares (PADs) abertos contra Gilberto.

De acordo com a denúncia, o ex-procurador teria divulgado documentos sigilosos em processos que correm em segredo de Justiça, apresentou um atestado médico assinado no dia 1 de setembro pelo cirurgião Dionísio Bentes Carvalho, da Clínica Cárdio-Cirúrgica do Pará, de licença médica de 15 dias por estar com angina, hipertensão e dor toráxica. 

No entanto, uma filmagem feita por um internauta no final da tarde desta terça-feira (7) mostra Gilberto Valente andando no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo.

Veja o vídeo!

Na imagem, é possível ver que o ex-procurador conversa descontraidamente com alguns conhecidos carregando sacolas de compras, sem aparentar nenhum problema médico grave.

Com o atestado, depois de passar um longo período de férias Portugal, Gilberto ganhou mais 15 dias de prazo para apresentar defesa dos PADs que foram abertos a partir das Reclamações Disciplinares 1.00582/2021-57 e 1.00768/2021-60.

Neles, o CNMP constatou indícios de que Gilberto descumpriu deveres funcionais previstos na Lei Orgânica do Ministério Público do Pará (MP-PA). As investigações se encontram sob sigilo e o DIÁRIO não conseguiu acesso ao conteúdo, mas confirmou de que se trata de Gilberto. Os fatos estariam relacionados à divulgação à imprensa do conteúdo de processos que se encontravam sob segredo de Justiça.

VEJA O ATESTADO APRESENTADO 

Improbidade administrativa

As penas sugeridas pelo corregedor nacional, Rinaldo Reis Lima, são de três sanções de Censura, nos dois processos. Mas advogados ouvidos pelo DIÁRIO dizem que Gilberto pode acabar também processado por improbidade administrativa e até na esfera criminal, por causa da divulgação dos documentos.

Gilberto foi nomeado PGJ, por duas vezes, pelo ex-governador Simão Jatene, do PSDB. A primeira, em março de 2017. Cinco meses depois, em agosto, ele afastou o procurador Nelson Medrado das investigações sobre o escândalo do Betocard: o abastecimento de viaturas da Polícia Militar em postos de gasolina de Beto Jatene, filho de Jatene, que teriam lucrado mais de R$ 5 milhões com a transação. Medrado e o promotor Armando Brasil haviam denunciado pai e filho à Justiça, por improbidade administrativa. E acabariam respondendo a mais de uma dezena de PADs, na administração de Gilberto.

A recondução dele ao cargo ocorreu no final de 2018. Desde 2019 e até abril deste ano, quando terminou o seu segundo mandato, Gilberto travou uma guerra de acusações contra Helder Barbalho, o governador eleito, em 2018, pelo MDB. Uma postura oposta àquela que manteve durante o governo de Jatene, quando pouco ou nada fez diante de uma montanha de escândalos, esses sim verdadeiros.

Um exemplo é o Asfalto na Cidade, que teria lesado os cofres públicos em mais de R$ 1 bilhão. Outro, o “dinheirinho” de Izabela Jatene, filha de Jatene: em um diálogo grampeado pela polícia, Izabela pediu ao então subsecretário de Receitas da Secretaria da Fazenda (Sefa), Nilo Noronha, a lista dos 300 maiores contribuintes do Pará, para “começar a buscar esse dinheirinho deles”.

Fonte: DOL