A máscara da “gestão eficiente” do prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos (PSB), parece estar caindo diante das investigações sobre o escandaloso desvio de R$ 261,3 milhões em verbas da saúde. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em uma decisão que joga por terra as tentativas desesperadas de sua defesa, negou o pedido de habeas corpus que visava enterrar a apuração dos fatos.
O prefeito, que se vende como exemplo de administração pública e nome forte do PSB para 2026, agora tem seu nome associado a um esquema que pode ter drenado recursos da saúde para engordar seus cofres pessoais. Segundo o Ministério Público, o dinheiro foi desviado por meio do Hospital Santa Maria de Ananindeua, que, entre 2018 e 2022, obteve um crescimento financeiro absurdo de 838,56% – exatamente no período em que Daniel ainda era sócio da instituição.
DINHEIRO PÚBLICO PARA BANCAR A ASCENSÃO POLÍTICA?
Enquanto os servidores estaduais sofriam com o atendimento precarizado, o hospital supostamente superfaturava serviços ao Instituto de Assistência dos Servidores do Pará (IASEP), desviando milhões em pagamentos inflacionados. Como resultado, os lucros do Santa Maria saltaram de R$ 3 milhões para impressionantes R$ 108,5 milhões.
E quem também enriqueceu nesse período? O próprio Doutor Daniel. Em 2018, quando foi eleito deputado estadual, declarou um patrimônio modesto de R$ 351 mil. Mas, ao assumir a Prefeitura de Ananindeua em 2020, seus bens já haviam saltado para R$ 2 milhões. E na reeleição, em 2024? Nada menos que R$ 4,85 milhões, incluindo fazendas milionárias no interior do Pará. Coincidência?
O PREFEITO NO CENTRO DO ESQUEMA
As investigações do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) indicam que Daniel, mesmo tendo se desligado oficialmente do hospital em 2022, continuou a exercer influência sobre a unidade de saúde. Uma dirigente do IASEP prestou depoimento ao Gaeco e revelou que o prefeito nunca perdeu o controle dos negócios da Santa Maria.
O desembargador Pedro Sotero, ao autorizar a continuidade da apuração, foi categórico: “Trata-se de pessoa sobre a qual paira fundada suspeita de associação aos demais investigados, identificados como figuras diretamente operantes no esquema fraudulento, em hierarquia cuja topografia indica o prefeito de Ananindeua como pessoa supostamente determinante para o sucesso dos empreendimentos ilícitos”.
TENTATIVA DE BLINDAGEM FRUSTRADA
Ciente da gravidade das acusações, a defesa do prefeito tentou barrar a investigação no STJ, mas sem sucesso. O ministro Sebastião Reis Júnior negou o habeas corpus, garantindo que a apuração prossiga no Tribunal de Justiça do Pará.
Em resposta, Daniel tentou minimizar o escândalo, alegando que o pedido de habeas corpus visava “dar celeridade ao processo” e que sua conduta é “ilibada e correta”. No entanto, as evidências mostram um cenário muito diferente: um prefeito que enriqueceu exponencialmente enquanto a saúde pública da cidade sangrava recursos.
O FUTURO POLÍTICO DE DANIEL EM RISCO
A ascensão meteórica do prefeito, que o colocou como um dos principais nomes do PSB para 2026, pode estar prestes a ruir. A depender dos desdobramentos da investigação, sua trajetória política pode terminar antes do que ele imaginava – e, quem sabe, com um destino bem menos glamouroso do que as fazendas que acumulou nos últimos anos.
O que era uma promessa de renovação política pode acabar como mais um caso de escândalo e corrupção no Brasil. O tempo dirá se Doutor Daniel sairá impune ou se enfrentará a justiça pelo rombo milionário na saúde de Ananindeua.