Apesar de a notícia de parceria entre o Instituto Butantan, em São Paulo, com um laboratório chinês para produzir uma vacina contra a covid-19 ter deixado muitos brasileiros esperançosos, atualmente, apenas uma candidata a vacina em todo mundo se encontra na fase 3, com testagens em milhares de humanos. A expectativa é que o resultado do produto imunizador saia até o fim deste ano.
A única vacina na fase 3 é a da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que terá sua eficácia avaliada em pelo menos 10 mil pessoas a partir do fim de junho. Se houver êxito em todas a etapas, deve ser iniciada a produção em larga escala até o fim do ano. Isso abriria a possibilidade de disponibilização de uma vacina a partir de abril de 2021.
De acordo com os pesquisadores, afirmar que uma vacina é a mais promissora ou é a mais adiantada significa que ela se mostrou eficaz em mais etapas dos testes pré-clínicos (feitos em animais) e clínicos (realizados em humanos). Mas não significa necessariamente que ela seja a mais próxima de ser bem-sucedida.
“Quanto mais vacinas investigadas em estágios avançados, melhor. Ela vai ser necessária no mundo todo. Existe muita pressa, mas tudo tem de ser feito de acordo com os protocolos de pesquisa”, afirma a infectologista Rosana Richtmann do Instituto de Infectologia Emilio Ribas.
Atualmente são 136 possíveis vacinas em estudo no mundo, com dez delas em fase clínica, testadas em humanos. Depois do Reino Unido, China e Estados Unidos lideram a corrida pelo desenvolvimento de um imunizante.
Vacina brasileira
No Brasil, a vacina do laboratório Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, vai entrar na fase 3 de testes em julho e será a segunda a ser testada no país. Segundo Richtmann, o imunizante utiliza uma tecnologia clássica: ele é formado pelo vírus Sars-Cov-2 isolado, multiplicado e inativado no laboratório chinês.
A outra vacina que será testada no Brasil integra a parceria da Universidade de Oxford (Reino Unido) com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Serão mil voluntários em São Paulo e outros mil no Rio de Janeiro, os dois estados que concentram a maioria dos casos brasileiros de Covid-19. Ainda de acordo com a infectologista, as perspectivas apontam para campanhas de vacinação apenas no ano que vem.
“Sou otimista e acredito que tenhamos uma vacina eficaz até o final do ano. Ter produção suficiente para a vacinação para a população deve acontecer no primeiro semestre de 2021”, concluiu Rosana Richtmann.