A imagem de Bolsonaro no palanque oficial do desfile da Independência neste Sete de Setembro, em Brasília, é reflexo do isolamento do presidente neste momento de sua candidatura à reeleição. Cercado apenas por militares decadentes e amigos inexpressivos, o mandatário não conta com nenhuma autoridade dos demais poderes da República.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira, se recusaram a comparecer à solenidade na Praça dos Três Poderes, temendo que o evento fosse transformado em um ato de ataques às autoridades constituídas e, sobretudo, contra ministros do TSE e STF, além da nova ameaça à Constituição e ao sistema eleitoral.
Nem mesmo o presidente da Câmara, seu sabujo defensor no Congresso, se prestou ao papel de bater palma para maluco na cerimônia preparada pelo presidente para afrontar o Estado de Direito, como o já fez no Sete de Setembro do ano passado e em outras inúmeras solenidades em que ele não teve a compostura de um chefe de Estado, preferindo fazer discursos de ódio para seus insanos seguidores. Lira sabe muito bem que o ex-capitão não consegue se conter quando está acuado, como agora, em que está prestes a ser despejado do Palácio do Planalto.
Como Bolsonaro ainda não discursou em Brasília e nem no Rio – o que só acontecerá à tarde -, é preciso esperar como será seu comportamento em cima de um palanque, cercado pelos milhares de apoiadores ensandecidos e dispostos a estimular seu discurso de ódio. Afinal, a radicalização do período eleitoral é a única possibilidade que os bolsonaristas têm para virar um jogo que, aparentemente, está perdido. Tudo indica que o petista Lula vence o pleito no primeiro turno ou, em última hipótese, no segundo turno, com folga.
E Bolsonaro sabe muito bem que, se perder esta eleição, como tudo indica e os institutos de pesquisa cravam, ele se transformará num cidadão comum, tendo que responder às dezenas de processos na Justiça da Primeira Instância, sem foro privilegiado e sem seus ministros amigos do STF, o que, certamente, lhe propiciará uma condenação. O ex-capitão vê no horizonte a perspectiva de passar algum tempo na cadeia e isso inferniza sua vida. E esse cenário está cada vez mais próximo de acontecer.
Germano Oliveira – Brasília