Com um dos piores índices de isolamento do país dentre as capitais brasileiras, Belém segue à deriva em meio à crise do novo Coronavírus. Seu administrador há oito anos, o prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) continua decepcionando, no momento em que uma administração responsável faz toda a diferença para a manutenção da vida da população. Dos 217 casos confirmados no Estado, 147 são em Belém. E das 9 mortes, 7 foram na capital. Enquanto isso, o prefeito prefere usar a internet que tomar medidas concretas.
Zenaldo faz lives diárias dispensáveis, que quando não servem de palco para bate-boca com o Governo do Estado e até com sua própria equipe de comunicação, o colocam em uma posição no mínimo desconfortável, assumindo a ‘paternidade’ de medidas tomadas em nível federal ou estadual.
Tão logo começaram a ser confirmados os primeiros casos da Covid-19 no Estado, o gestor municipal achou por bem correr atrás de algum protagonismo ao publicar vídeos caseiros anunciando mais pacientes infectados em Belém, divergindo dos números divulgados pelo órgão que concentra toda a contagem, que é a secretaria de Saúde Pública (Sespa) – como é em todos os demais estados – e provocando uma confusão de informações que só criou ansiedade e mais preocupação.
Chegou a doar cestas básicas para estudantes da rede municipal, mas sua medida mais contraditória foi a suspensão da circulação dos ônibus do sistema BRT, o que desviou os passageiros dessas linhas para os demais ônibus, causando tudo o que se busca evitar: concentração de pessoas.
FAKE NEWS
Para piorar, procurou criar conflitos com o secretário de Estado de Saúde, Alberto Beltrame. Em uma de suas postagens em vídeo na internet, o alcaide de Belém questionou o porquê do Estado não contratar o Hospital Santa Clara, e ainda classificou uma das mortes confirmadas no Estado, como “fake news”, o que ficou comprovado que a morte foi em decorrência do vírus mesmo, com direito a documento mostrado.
Na sexta-feira (3), Beltrame afirmou que a Prefeitura de Belém, além de “espalhar desinformação” e “gerar angústia e incerteza na população”, se vale agora de polêmicas. “A Prefeitura ora confirma caso que sequer é suspeito, ora nega um óbito que está confirmado. Agora, cria uma falsa polêmica em torno de hospital”, disse na ocasião.
O secretário lembrou que a Sesma não depende do Estado para habilitar ou credenciar leitos e destacou uma inconsistência no cadastro do hospital gerido por Zenaldo. “Há uma informação de 52 leitos de enfermaria, de sete leitos de UTI, mas apenas dois médicos, uma enfermeira, um técnico de enfermagem e uma nutricionista”, listou. “Não há a possibilidade do Ministério [da Saúde] repassar recursos no volume pretendido pela prefeitura com um cadastro com tantas inconsistências”, disse o representante da pasta.
O titular da Sespa concluiu. “Nesse momento, nós precisamos sobretudo de união, solidariedade e colocar a saúde da população, da nossa querida sociedade paraense acima de qualquer outro interesse. Bora trabalhar, Zenaldo!”, concluiu.
Outros prefeitos criam programas de saúde e alimentação para a população.
Enquanto Zenaldo parece perdido, outros prefeitos de capitais dão exemplos. Em São Luís, no Maranhão, 86 mil estudantes receberam auxílio-renda e kit alimentação da prefeitura, e famílias em situação de vulnerabilidade social também foram incluídas em um programa alimentício. Em Salvador, na Bahia, os motoristas de aplicativo também tiveram uma complementação de renda garantida pelo prefeito ACM Neto. A prefeitura de Porto Alegre (RS) fez uma verdadeira força-tarefa com as demais esferas e garantiu 94% da meta de vacinação, além de intensificação da limpeza de canais e serviços de capinagem.
No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) conseguiu mil vagas nos hotéis da capital que devem ser utilizadas para hospedar idosos de comunidades, e ainda contratou um reforço de mais de cinco mil profissionais de saúde para atuar no combate à pandemia. Em Natal (RN), a prefeitura decretou mudanças no formato das feiras livres, para mantê-las funcionando sem colocar em risco a vida dos trabalhadores e consumidores, e em São Paulo serão compradas um milhão de máscaras confeccionadas por entidades sociais de artesanato e costura para doação aos profissionais de saúde e assistência social.
DOL