O cenário não poderia ser dos mais auspiciosos para um senador ligado ao agronegócio viver momentos afirmativos.
Poderia.
Mas não foi.
O fato ocorreu semana retrasada, em Redenção.
Numa reunião onde se encontravam as principais lideranças do agronegócio ligadas ao bolsonarismo, a presença do senador Zequinha Marinho (PL) tornou-se, ao contrário, corpo estranho ao ambiente.
Pelo menos oitenta pessoas que comandam as ações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, na região Sul do estado, marcaram o encontro.
Fazendeiros com propriedades em Conceição do Araguaia, Redenção, Pau D´Arco, Rio Maria, Xinguara, São Félix do Xingu, entre outras localidades, fizeram questão de deixar bem claro ao senador evangélico que ele não estava ali como representante deles.
“O senhor não nos representa e nem ao presidente Bolsonaro, aqui na região. Por isso, sua anunciada candidatura ao governo do Estado não merece nosso apoio e nem terá o apoio de quem apoia Bolsonaro, no Pará”, disse um fazendeiro, que participa ativamente das manifestações de apoio a Bolsonaro no Sul do Estado.
Em outra cadeira, levantou-se mais um.
“O senhor até bem pouco tempo atrás apoiava o Jatene (ex-governador Simão Jatene) e o traiu, e agora se diz bolsonarista. Não, o senhor não tem nosso reconhecimento”, disse.
Sem saber para qual lado se virar, Zequinha Marinho só teve uma reação.
– “Mas eu sou senador do Pará…”
– “Mas não nos representa”, gritou outro lá da ponta direita.
– “Você foi Helder até dias desses e também o traiu; você nunca foi Bolsonaro”, apimentou outro bolsonarista não menos enzamboado.
A troca de “prosas” se alongou a tal ponto que a filha do senador, Evanilza Marinho – já anunciada como futura candidata a deputado estadual – não suportou a pressão, caindo em choro.
Para quem esperava ter o apoio do bolsonarismo no Sul do Pará, objetivando “vitaminar” uma possível candidatura do governo do Pará, Zequinha Marinho caiu na real nada animadora de se deparar com opositores duros, e frontalmente contra seu desejo de suceder a Helder Barbalho.
Deve cantar em outra freguesia.
Qual?
Por Hiroshi Bogéa